domingo, 9 de maio de 2010

Jó. por que ou pra que?

"Frente ao mal, veja Deus!
Quebrante-se, inspire-se!"

(Parte do Livro "As Vertentes do Sofrimento" de Sesinando F.)

É impossível meditarmos sobre sofrimento, suas causas, conseqüências e porquês sem um referencial que sobrepuja qualquer conceito, por mais que seja tão bem formulado. Este referencial é Jó, homem bom, “religioso”, humanamente próspero, que de repente perde os filhos, todos os bens e ainda é atacado por uma doença dolorosa, incapacitante e nojenta.

MAS POR QUE? OU MELHOR, PRA QUE?

Diante das intempéries da vida, não é raro se questionar demais, e até mesmo se revoltar, transferir culpas e se ausentar da presença de Deus.

Assim como hoje em dia é comum se mistificar todo e qualquer sofrimento pessoal como tendo origem no Diabo, os amigos de Jó, em diálogos poéticos, procuram achar explicação para tanta desgraça, considerando o sofrimento como, simplesmente, resultado do pecado pessoal. Para eles, Deus sempre recompensava os bons e castigava os maus. Mas Jó reage... . Neste ínterim, Deus não responde aos questionamentos de Jó, mas antes fala do Seu poder e excelsa sabedoria, constrangendo Jó.

O caso de Jó merece uma atenção exclusiva, já que não se deve padronizar situações. Em conclusão, Deus repreende os amigos de Jó por não haverem entendido a razão do seu sofrimento e por terem defendido idéias teologicamente erradas. Jó, porém, reconheceu que os seres humanos não podem compreender tudo, nem explicar bem a razão por que às vezes os justos sofrem. Enfim, a vida vai além de quaisquer pré-concepções sujeitas ao mundo físico em que se vive. E existem mistérios que têm em si a característica de não serem compreendidos ainda, pois “as coisas encobertas pertencem ao Senhor nosso Deus, mas as reveladas nos pertencem a nós e a nossos filhos para sempre, para que observemos todas as palavras desta lei” (Deuteronômio 29.29).

O deserto, por exemplo, tem sentidos teológicos diversos; pode significar abandono, solidão, tristezas ou ainda pode significar provação, pois nesta perspectiva, o homem está em iminência de crescer, e assim desenvolver-se, purificar-se, amadurecer, melhorar e aperfeiçoar o caráter, valorizar e enxergar coisas que antes não conseguia, então se aproxima e de Deus, constrói comunhão e relacionamento com Ele; tem a oportunidade de vê-lo pessoalmente trabalhar, e por conseguinte, a fé se torna mais viva; entende-se que se Deus permite o homem trilhar um caminho ardiloso, certamente, tem propósitos a cumprir. No mundo espiritual, o sentido conotativo, ou intrínseco, figurado, tem um peso maior do que o sentido denotativo ou real. A matéria pode ser em si boa ou ruim, dependendo do uso e propósito. Mas é claro que o homem persuade o mundo espiritual corrompendo aquilo que originalmente era bom; ou seja, alguma inspiração inicialmente pode até ter sido de Deus, mas o produto se tornou maléfico, extraviado da essência, da verdade. Um exemplo oportuno é o dinheiro que em si pode ser bom, desde que por seu intermédio suscitemos o que é bom, com desprendimento, sem o vermos como fonte de bênçãos, o que roubaria a glória de Deus. A bíblia afirma que “...o amor ao dinheiro é raiz de todos os males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e se traspassaram a si mesmos com muitas dores” (I Tm 6.10).

No final, depois de aproximadamente onze meses de sofrimento (segundo estudos teológicos), o “religioso” Jó conseguiu ver a Deus: “bem sei eu que tudo podes, e nenhum dos teus pensamentos pode ser impedido;. ...falei do que não entendia; coisas que para mim eram maravilhosíssimas, e que eu não compreendia. Com o ouvir dos meus ouvidos ouvi, mas agora te vêem os meus olhos. 6Por isso, me abomino e me arrependo no pó e na cinza” (Jó 42:2,3,5). Os amigos de Jó, que tanto o constrangiam estavam errados, conforme a repreensão do próprio Deus (Jó 42:7-9) “E o Senhor virou o cativeiro de Jó, quando orava pelos seus amigos; e o Senhor acrescentou a Jó outro tanto em dobro a tudo quanto dantes possuía.” (Jó 42:10).

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