quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Medo (por Outra Visão)

"Não obstante o medo, não pare!
Antes, prossiga... ..
E imponha-se... inspire-se!"

(Parte do Livro "As Vertentes do Sofrimento" de Sesinando F.)

“Porque o que eu temia me veio, e o que receava me aconteceu” (Jó 3.25).
Com certeza um relacionamento singelo, puro com Deus, não se constrói por intermédio do medo em relação às decisões e atitudes divinas; E este relacionamento não pode ser moldado mediante o medo consciente de adentrar no desconhecido, medo este de ir, por exemplo, para o inferno, e lá viver o ápice do sofrimento eterno.

Um princípio latente da economia diz que aquele que angariou conquistas na vida preocupa-se principalmente em não subtrair o que construiu, e aquele que tem poucas posses, preocupa-se em angariá-las. Este princípio se reflete também em função da vida espiritual; Jesus afirma que “... a qualquer que tiver lhe será dado, e a qualquer que não tiver, até o que parece ter lhe será tirado” (Lc 8:18).

O medo de perder ou subtrair a essência da alma, a consciência, a memória, a sensibilidade deveria ser uma preocupação constante do homem?!
Ou tudo isso, na verdade, é tão comum e normal que deveria ser ignorado?
Talvez a inteligência humana não devesse sequer conotar justificações de medo, ou seja, este sentimento basicamente é uma reação natural. E a percepção de algum tipo de perigo acaba tornando-se positiva quando o homem se prepara mais, se estruturando melhor e, assim, zela pelo seu espaço vital.

O medo pode representar ainda um sentimento vivo de precaução e prudência - a consciência da provisão, consoante surpresas e “obscuridões” que só o aquele que enxerga além pode perscrutar. A percepção e sensibilidade que identifica o espírito do homem e o torna tão próximo e ligado a Deus. É esta consciência que torna o ser humano a primícia da criação e o seu principal diferencial. “E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança...” (Gênesis 1.6).
Assim, pessoalmente, entendi que a consciência é a maior riqueza do ser humano.

O texto áureo supracitado, em referência a Jó (Jó 3.25), sintetiza o medo. Em suma, o livro de Jó coloca o pavor, que é um sentimento de medo mais intenso, mais agudo, em choque com a própria existência. Dizia Jó:“sobrevieram-me pavores; é perseguida a minha honra como pelo vento; e como nuvem passou a minha felicidade” (Jó 30.15).
E, desta maneira, com um sentimento entenebrecido, a auto-estima baixa do ser humano torna-se um propulsor para uma queda iminente. E subvaloriza de sobremodo a honra, os méritos; que outrora exaltava a capacidade e poderio, passa a antecipar uma derrota quase inevitável, culpando, acusando, oprimindo.

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