sexta-feira, 24 de abril de 2009

O Início de Tudo

(Série "Um Ponto no Infinito" de Sesinando F.)

Os primeiros habitantes da Terra conheceram alguns princípios da ciência do bem e do mal; não na sua totalidade, mas o suficiente para iniciar o processo de morte. Em seu sentido mais amplo e real, este processo significava o sentimento de ausência de Deus, o que representa o verdadeiro inferno. Seria o gênesis da degradação moral através da vergonha de ter falhado. O sentimento é mais profundo, pois ainda que não se tenha falhado, há a certeza de que se falhou. Uma pergunta se faz, tantas vezes restrita a um mundo espiritual:
Porque alguém deveria confiar em mim?
E poderia de fato voltar a confiar?

Não sabemos ainda o conhecimento ou entendimento que os primeiros habitantes da Terra tiveram, mas os despertou de modo que começaram a visualizar em todas as coisas o bem e o mal. Isto é, as diferenças e os opostos em tudo; e havendo o belo, deveria haver o feio...; a pureza contaminada tornou-se impureza. É como um psico-vírus que nasceu na Terra e que se desenvolveu e sobrevive até hoje. É semelhante a uma doença que surgiu há muito e muito tempo atrás, ainda trazendo consequências no século 21; agora há a vida e a morte, e tudo que nasce, inevitavelmente, tem que morrer. A visão tornou-se distorcida, e “se os seus olhos forem trevas, todo o seu corpo será trevas”, confirmaria Jesus milênios mais tarde. A história muda, mas as questões existenciais permanecem. E no mundo "real" nasceu a percepção dos antônimos. É como se buscassem entender que para tudo, deveria haver o oposto para qualquer realidade e seus propósitos no universo. Em nós, começa com a procura dos defeitos; enxergamos o lado mal, e o vemos ora como realmente é, ora este mal sobrevalorizado, por mais dura que, em si, seja esta realidade. Gera-se um peso na alma, uma frustração, uma mágoa que tende a deturpar os sentidos; e ainda que verdades sejam descobertas, não há, por muitas vezes, o preparo para entendê-las ou mesmo aceitá-las. Avalia-se com base na razão e na lógica, porém, sempre com um sentimento de auto-proteção, ou seja, para se preservar se utiliza dos recursos que puder. Conflitante! Em decorrência disso, há uma tendência de, por fim, desembocar num processo de julgamento, de si mesmo e/ou outrem, numa visão deformada dos fatos.

Assim, como tudo tende a ser criticado segundo um entendimento pessoal, se reage contra uma realidade dura e fria que se forma, e da qual se faz parte. Então, surgem as justificativas devido a não aceitação da consciente e vergonhosa degradação humana! Mas como justificar-se...? E já que humanamente não se pode justificar a cônsciência, a única solução é se unir com algúem que possa justificá-la; alguém com "moral" que nos represente...; alguém que nos console e ao mesmo tempo nos compense!!! Na tentativa de se sobrepor ao mal, inventado ou real, alguns até procuram se manter à parte daquilo que consideram um degradante moral, e se apegam ao Cristo. Porém, muitos se acomodam à proposta de um mundo, cujo ideal acomoda o viver desta maneira: o certo é muitas vezes o errado e o errado, torna-se o certo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário