sábado, 10 de julho de 2010

Sentimentos de Perdas e de Ausências

"Frente às inevitáveis perdas na vida,
encontre Deus! E eleve-se, inspire-se!"

(Parte do Livro "As Vertentes do Sofrimento" de Sesinando F.)


O mais dramático na perda é o sentimento de perda, não da perda em si. O que avassala a alma é o sentimento do abandono, da solidão expressa pela sua força e conseqüência. Este embate é expresso pela dicotomia espírito versus carne, ou seja, o espírito clama pela essência de Deus assim como a carne clama pela matéria segundo suas exterioridades; e este espírito reivindica no seu próprio ser aquilo que deveria ser tão naturalmente percebido: a extensão da divindade. Já dizia o filósofo Sócrates: “se o homem conhecesse suas reais capacidades ele voaria”. No entanto, por muitas e muitas vezes a capacidade humana é subestimada o fazendo parecer tão superficial e comum. Concernente às coisas de Deus, o que não é, pode vir a ser, mas segundo as diretrizes da matéria, o que é hoje, amanhã pode não ser mais. Conflitante, não é mesmo?

Contudo, para estar diante de Deus é necessário se despir de autovalorizações, sem que hajam negligências fruto de depreciações. Assim, para se relacionar com o Criador, é condição precípua sentir-se criatura; porém, para se relacionar com o mundo, ao contrário, o homem deve se impor e provar coisas. Vive-se então uma dicotomia, pois se ama o Criador, assim como se deve amar e/ou admirar a Sua criação. Mas o homem sem equilíbrio emocional, ainda que “doutrinariamente religioso”, se cansa emocional e psicologicamente, se debruçando em outra(s) pessoa(s); e devido às suas carências e frustrações quase inevitáveis, distorcidamente, tende a ver nas criaturas de Deus, as pessoas, o fundamento para sua motivação e alegria, condicionadas ao que se pode visualizar. Aí está o veiculo para o sentimento de perda e de ausências.

Davi estava envolto pelo sentimento mais avassalador que um homem poderia sentir, o abandono por parte de Deus. Exclamou: “não me lances fora da tua presença, e não retire de mim o teu santo Espírito” (Salmos 51.11). De repente se nota o valor antes subentendido e os relacionamentos verdadeiros se constroem; e aquilo que passava desapercebido, se faz conhecer: o ser humano, imagem e semelhança de Deus, tem um valor divino refletido na sua existência, obscurecido pelo Diabo. Davi, aflito, uma vez exclamou erroneamente: “eu dizia na minha precipitação: todo o homem é mentira"(Salmos 116.11).

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